quinta-feira, dezembro 15, 2011

Chegou a hora do Trem de Alta Velocidade!

Por Carlos Zarattini

Nas próximas semanas, a Câmara dos Deputados deverá votar a Medida Provisória 511, que dispõe recursos do Tesouro Nacional para o BNDES financiar o Trem de Alta Velocidade (TAV) ligando Rio de Janeiro – São Paulo – Campinas. Evidentemente, é uma grande obra que traz muitas polêmicas ao debate.
Em primeiro lugar, é fundamental realçar a importância da ligação ferroviária entre essas três cidades e as localidades intermediárias. É o principal eixo de transporte da chamada macro-metrópole do Sudeste brasileiro. Uma região já congestionada e que não pode continuar a ser atendida apenas por estradas (que já estão no limite da capacidade) ou por ligações aéreas (também já no seu limite). É necessária uma ligação de alta capacidade e de qualidade. E qualidade neste caso não significa apenas conforto, mas principalmente velocidade.
Em todos os países do mundo onde foi implantado, o TAV significou um novo padrão de transporte. E nas ligações de até 500 km substituiu, de forma satisfatória, o transporte aéreo e rodoviário, com conforto, rapidez, segurança e menor impacto ao meio ambiente.
E essas características são fundamentais para que possamos reintroduzir o transporte ferroviário de passageiros no Brasil. Desaparecido depois da descuidada privatização do setor nos anos 90, foi sempre visto como sinônimo de ineficiência e morosidade. E esse é o segundo motivo pelo qual defendemos o TAV: o concessionário deverá transferir para a ETAV (uma empresa pública) a tecnologia do sistema, de forma que as empresas nacionais irão absorvê-la e poderemos, então, ampliar as linhas de alta velocidade. Será uma verdadeira revolução tecnológica na indústria nacional do setor ferroviário. O principal questionamento a esta obra está na opção de investimento público. “Por que não investir R$ 34 bilhões nos metrôs das grandes cidades brasileiras?” Respondeu muito bem o ex-ministro dos Transportes Paulo Sergio Passos: não se trata de investimento público, o TAV será uma concessão em que os investidores deverão colocar capital próprio e o BNDES entrará com o financiamento de parte do investimento.
Ou seja, o empréstimo deverá ser pago pelos concessionários. A MP 511 dá garantias ao BNDES para que possa financiar o TAV e , dependendo do fluxo de caixa do banco, não necessariamente haverá transferência de recursos do Tesouro, muito menos neste ano de 2011. A obra só deverá se iniciar de fato em 2012. Quanto aos investimentos em metrôs, geralmente obras estaduais, não conflitam com o TAV, pois dependem mais da capacidade de financiamento dos estados, limitada pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Outros questionamentos remetem à demanda. Alguns analistas alegam que a demanda prevista será insuficiente para o equilíbrio da concessão. Ora, temos assistido a uma violenta expansão do número de viagens por todos os modos de transporte. Entre o primeiro semestre de 2010 e o mesmo período de 2009 houve um aumento de 22,5% no número de passageiros nos aeroportos brasileiros. Sem dúvida, a demanda São Paulo – Rio não deve ter crescido muito diferente desse índice.
Outra questão diz respeito às incertezas quanto ao custo da obra. Os chamados riscos da construção. É outro equívoco. O edital permite que o concessionário tenha a liberdade de redefinir o traçado previsto no estudo do governo federal, reduzindo seus custos. E é exatamente aí que os possíveis concorrentes vêm concentrando seus esforços: elaboração de traçados com menos túneis e viadutos do que o previsto originalmente.
Atrasar essa decisão pode nos levar a enterrar por décadas um projeto fundamental para a modernização do transporte em nosso País. Relembrem o que foi a discussão sobre a construção de Brasília e sobre a implantação do metrô na cidade de São Paulo. São decisões corajosas que constroem uma nação.
Carlos Zarattini é deputado federal pelo PT de São Paulo. Contato: dep.carloszarattini@camara.gov.br

Um comentário:

  1. A implantação do Trem de Alta Velocidade (TAV) ou Trem bala, entre o Rio de Janeiro e Campinas-SP custará cerca de R$ 70 milhões/km contra R$ 2 milhões/km do trem convencional, ou seja daria para construir cerca de 17.000 km deste contra 510 km do trem bala . Se combinarmos a implantação do trem convencional com a revitalização da malha existente a extensão seria maior beneficiando outros estados.

    A malha ferroviária mundial tem mais de 1.000.000 km de trens convencionais contra um pouco mais de 8.000 km dos trens de alta velocidade, concentrados em 9 países de alta renda per capita (Japão, Taiwan, Coréia do Sul, França, Alemanha, Itália, Espanha, Bélgica e Inglaterra). Não temos tecnologia para fabricar as composições do trem bala, mas certamente com investimentos modestos em desenvolvimento, fabricaremos as convencionais, movimentando toda a indústria brasileira.

    Os trens de alta velocidade, atingem mais de 250 km/hora, e abaixo disto, são os considerados trens convencionais. Por que não começar com um trem convencional a 200km/hora com o devido tempo desenvolveremos tecnologia para trem de alta velocidade (MAGLEV COBRA) ? obras deste tipo podem resultar em fracassos como o túnel sob o canal da Mancha, cuja receita não paga os juros de financiamento e o governo tem que arcar com a diferença, todo o cuidado é pouco, pois não somos ricos.


    O Sistema adotado é o superado roda-trilho, em detrimento do MAGLEV.

    Todas as cidades envolvidas no empreendimento foram ouvidas pelo consórcio responsável pela licitação, mas não foi apresentado nenhum plano alternativo com o trem convencional e o MAGLEV.

    PS,
    Fontes utilizadas:
    1) Estudo disponível no site do BNDES: “Trens de Alta Velocidade: Experiência Internacional” de Sander Magalhães Lacerda,
    2) Matéria de 3 páginas do Estado de São Paulo no dia 23/08/09 sobre o trem bala (Cidades, C1, C4 e C5) que aponta sérios danos ambientais, desapropriações de áreas residenciais e industriais: serão 312 km de superfície, 108 km de pontes e 91 km de túneis,
    3) Artigo “A quem interessa o trem bala mesmo?” de Creso de Franco Peixoto - Engenheiro Civil, mestre em Transportes e professor de Engenharia Civil do Centro Universitário da FEI - Fundação Educacional Inaciana:
    4) Maglev Cobra :http://www.maglevcobra.com.br
    OBS; O valor da obra faraõnica aumentou em mais 50%.

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